possibilitação prévia da manifestabilidade16 do ente em geral. A essência do nada originariamente nadificante consiste em: conduzir primeiramente o ser-aí para diante17 do ente enquanto tal.
Somente com base na manifestabilidade originária do nada, o ser-aí do homem pode chegar ao ente e nele entrar. Na medida, porém, em que o ser-aí assume, de acordo com sua essência, um comportamento em relação ao ente que ele próprio não é e que ele próprio é, ele já sempre provém como tal ser-aí do nada manifesto.
Ser-aí quer dizer18: estar suspenso dentro do nada.
Retendo-se19 no nada, o ser-aí já está sempre para além do ente na totalidade. Esse estar para além do ente, nós designamos a transcendência. Se o ser-aí, no fundo de sua essência, não exercesse o ato de transcender, o que significa agora, se ele não estivesse retido desde o princípio no nada, então ele jamais poderia assumir um comportamento20 em relação ao ente e, portanto, também não em relação a si mesmo.
Sem a manifestabilidade originária do nada, não há nenhum ser-si-mesmo e nenhuma liberdade21.
Com isto, conquistamos a resposta à pergunta sobre o nada. O nada não é nem um objeto, nem um ente em geral. O nada não ocorre nem para si mesmo, nem ao lado do ente ao qual, por assim dizer, aderiria. O nada é a possibilitação da
16. 5a edição de 1949: isto é, ser.
17. 5a edição de 1949: expressamente diante do ser do ente, diante da diferença.
18. 1a edição de 1929: 1) entre outras coisas não apenas, 2) daí não se segue: portanto, tudo é nada, mas o inverso: assunção e apreensão do ente, ser e finitude.
19. 5a edição de 1949: quem mantém originariamente?
20. 5a edição de 1949: isto é, ser e nada o mesmo.
21. 5a edição de 1949: liberdade e verdade no ensaio “Da essência da verdade”.