Mas no fato desse saltar-por-sobre é indicado ao mesmo tempo que precauções particulares são requeridas para se conquistar o ponto-de-partida fenomenicamente adequado no acesso ao fenômeno da mundidade, impedindo o salto.
Para isso já foi dada a diretriz metódica. O ser-no-mundo e, por conseguinte, o mundo também devem se tornar o tema da analítica, no horizonte da cotidianidade mediana, como o modo-de-ser mais próximo do Dasein. E preciso examinar o cotidiano ser-no-mundo e nele buscando apoio fenomênico é que algo como mundo deve ficar à vista.
O mundo mais próximo do Dasein cotidiano é o mundo-ambiente. A investigação segue pelo caminho que vai desse caráter existenciário do mediano ser-no-mundo até a ideia de mundidade em geral. A mundidade do mundo-ambiente, a mundidade ambiental, nós a buscamos através de uma interpretação ontológica do ente que de pronto vem-de-encontro no interior-do-mundo ambiente. O “âmbito” [ambire] que a expressão mundo-ambiente contém remete à “espacialidade”. Mas o âmbito constitutivo para o ambiente não tem, porém, um sentido primariamente espacial. O caráter espacial que pertence indiscutivelmente ao mundo-ambiente só deve ser elucidado, ao contrário, a partir da estrutura da mundidade. A partir daí a espacialidade do Dasein referida no § 12 se faz fenomenicamente visível. Agora, a ontologia procurou precisamente interpretar o ser do “mundo” como res extensa a partir da espacialidade. A tendência mais extrema de tal ontologia do “mundo”, elaborada em oposição à res cogitans, a qual não coincide com o Dasein nem ôntica, nem ontologicamente, se mostra em Descartes. Pela delimitação contraposta a essa tendência ontológica pode ser esclarecida a análise da mundidade que aqui tentamos. A delimitação se efetua em três etapas: A. Análise da mundidade do mundo-ambiente e da mundidade em geral. B. O contraste entre a análise da mundidade e a interpretação do mundo em Descartes
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